01 agosto 2009

O Amor

Estou a amar-te como o frio corta os lábios,

A arrancar a raiz ao mais diminuto dos rios,

A inundar-te de facas, de saliva esperma lume,

Estou a rodear de agulhas a boca mais vulnerável,

A marcar sobre os teus flancos o itinerário da espuma,

Assim é o amor: mortal e navegável.

Eugénio de Andrade, in "Obscuro Domínio"

Sem comentários: